Infelizmente.
Funciona assim: estantes de livros são colocadas nas paradas de ônibus da cidade. O acervo é composto de doações. Qualquer um que passar por ali pode apanhar um exemplar emprestado, mergulhar em aventuras incríveis e, inspirado no ideal cívico, devolver. Nos últimos dias, 3 anos depois de satisfeita a empreitada, uma triste situação.
Os livros estão desaparecendo. Cada vez mais raros nas prateleiras de ferro, os sobreviventes desfolhados enfrentam a dura batalha contra o descaso. A cultura que nasceu para viajar pelos lares bem intencionados e depois voltar a outro ponto de partida, de repente abortada no meio do caminho. No cartaz afixado na parede, a denúncia envergonhada revela: carroceiro é o culpado de roubar os livros. Esse senhor de idade, que provavelmente não sabe ou lê mal, encontrou uma finalidade melhor para aquele tesouro a céu aberto. Vendeu tudo por quilo.
Brasília não é covil de ladrões, mas o Brasil, aparentemente, tem fome. E não é de leitura.
Olha, Fabiane. To sem palavras. Texto delicioso de ler, você tem um grande talento pra escrever, hein. Louvável tarde essa em que paseei pelas comunidades de blogueiros no Orkut e encontrei teu blog. Ja to seguindo, abraços!
ResponderExcluirInfelizmente, ambas as situações são tristes. Tanto a necessidade do carroceiro quanto o descaso com a leitura. Por isso não acredito muito em iniciativas como aquela que sugeria a leitores deixarem livros já lidos em pontos da cidade, para que ele fosse passado adiante.
ResponderExcluirNo papel, são iniciativas excepcionais. Na prática, falham. E falham porque nosso país ainda tem muito o que trabalhar, o que consertar, antes de tentar difundir melhor a cultura.
Belíssimo texto.
Fabiane, que escrita maravilhosa! Texto crítico, coerente, inteligente e "infelizmente" real não é?! Não sabia desta iniciantiva, fiquei encantada! Uma pena não funcionar num país em que as imediaticidades gritam mais alto!
ResponderExcluirBjs e seja sempre bem vinda tb!
Se ao menos os livros estivessem morrendo porque estamos lendo muito mais através de computador, Ipad, o que for... mas não, estamos deixando a poesia e o cheiro dos livros pelo vazio... Trsite. Beijos!
ResponderExcluirP.S: te achei através de indicação do meu marido (Sandro Ataliba). Seguindo :)
Sim sim. Concordo com vc e com a Thais, se ao menos essa troca fosse pelos livros virtuais.
ResponderExcluirÉ uma tristeza ver tantos projetos com uma essencia tão boa acabando por falta de incentivo. Esse país está uma tristeza, ninguem valoriza a cultura.
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