quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Apocalipse now

No dia 21, quero mais é que o mundo acabe. Que leve de vez essa vida. Só um corte tão abrupto em uma existência atual poderia fazer renascer outra. Quero que todos os meus erros se tornem passado. Que as minhas saudades se esvaneçam. Que um cometa se choque com o meu conformismo e me faça procurar novos rumos. O apocalipse vai chegar. Já está se aproximando. Vai varrer do meu cotidiano todas as coisas que já não me servem.
Depois que a devastação passar, vai vir o sol e trazer novos ares. Quero casa nova, roupas diferentes, um novo amor. Quero que tudo seja diferente. Quero que seja o fim do mundo onde você sempre esteve.
As bolas de fogo vão cair do céu para queimar tudo dentro de mim que é ruim e dispensável. Terremotos vão assolar meus dias estáticos, vão fazer tremer o meu coração recluso. Como um campo forrado de cinzas, vou acordar para um dia completamente novo. Sinto os ventos da mudança inflando minha vontade de seguir para qualquer lugar que não seja aqui. Tanta gente com medo do fim do mundo e tudo que eu mais quero é que ele, pelo menos da forma como o conheço, simplesmente se vá.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Ajudem o Geovane a respirar


Gente, hoje estou aqui por uma causa nobre. Esse menino da foto se chama Geovane Pereira Ribeiro, ele é natural de Formosa - Goiás. O Geovane é portador de uma grave doença que o mantém refém da ventilação mecânica para sobreviver. Acontece que o respirador que o menino precisa usar custa R$ 50 mil e a família não pode comprar. Muito sensibilizada pela situação, eu criei uma conta no site Vakinha (que, para quem não conhece, se dispõe a arrecadar doações para objetivos específicos).
Quem puder ajudar, nem que seja com 1 real, é só acessar o site do Vakinha, aqui.

 
 

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Brasília dos forasteiros


 Não se deixe enganar pelas curvas arredondadas e o projeto ambicioso: Brasília é uma cidade nostálgica. Os rascunhos eram modernos, mas a dor de quem construiu era antiga. Uma capital que surgiu, da poeira e suor, para ser o futuro, não pode esquecer que antes de tudo veio o passado. O resultado é esse que vemos nas largas avenidas, nos blocos sem pessoas, nos vazios sem significado. Há sempre o eco de outros lugares, de outras lembranças.  Sinto muito, Brasília. Ninguém te ama por você mesma. Há sempre outro amor engatilhado, um outro lar para chorar. Você nasceu para ser livre, para ser revolução, e só consegue ser saudade. 
E mesmo assim, com o tempo, a gente vai se ajeitando. Criando memórias. De repente, os prédios já não parecem tão iguais, nem os vazios tão vazios. Tem sempre a memória daquele dia chuvoso em que você precisou caminhar mil metros até achar um ponto de ônibus. Ou o dia dedicado a um passeio despretensioso pela Esplanada. Com o tempo, você começa a rir dos tempos em que errava os endereços, malditas siglas frias e calculistas, e de quando furava uma tesourinha e ia parar no mesmo lugar. Das farras embriagadas da UnB. De quando precisou xingar alguém por ter perguntado se você já viu o Lula (ou a Dilma). 
Olha, Brasília, quem eu amo não está aqui. Vou sempre sentir falta de outro lugar que não é você. Mas aprendi a me acostumar com seu céu azul, suas mudanças de clima inesperadas, com a seca que arranha a garganta nos meses de julho e o sol que parece nunca dar trégua. Não importa se ninguém fica aqui nos fins de semana e feriados. Se todo Natal e Ano Novo eu fujo para junto dos meus. Pra tanta saudade, até que você é excelente consolo.

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Todas as coisas que eu queria dizer




Dizer que dói. Que sinto saudades. Que sinto muito. Que já não sinto.
Que não entendo, que nunca poderei entender. Dizer que eu te amo.
Dizer que eu te odeio. Dizer que a minha vida está diferente. Dizer
que eu sei que a sua está melhor. Dizer que é assim mesmo. Que nunca
vamos mudar. Dizer que eu esperava um pouco mais. Dizer que eu lamento. 
Dizer que eu me sinto enganada.
Dizer que eu tenho sonhos. Que eu estou ótima.
Que eu estou mais bonita. Que comprei aquele jogo que eu queria tanto comprar. 
Que ainda não terminei o meu livro. Que ainda durmo até o meio dia. Que 
ainda leio antes de dormir. Dizer que você era o meu melhor amigo. Dizer
que eu sei que você conheceu alguém. Dizer que eu também estou procurando.
Dizer que eu ainda penso em você. Dizer que eu faço de tudo para não pensar.
Dizer que eu não quero te esquecer. Dizer que eu preciso. 
Dizer que ainda choro. Dizer que dói.
Mas não digo. Porque chegamos naquele estágio em que as palavras
já não significam mais nada.

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Como sempre, amor

Sou romântica, sou piegas, porque acredito no amor. Acredito porque já vislumbrei casos de marejar os olhos, porque vi exemplos dentro de casa, porque sinto que só o amor redime. Tem amores que são estranhos, admito. Tem gente que ama sem sentir. E tem gente que ama a ideia de amar.
Mas quando tem amor assim de verdade, é bonito de se ver. É motivo para viver a vida inteira com sorriso no rosto. Porque esse é um sentimento agregador. Quando vem de mansinho e se instala, aqui há de ficar com muitas doses de carinho, generosidade, compreensão. O problema é quando ele vai embora. Dói. Amor também passa. E nunca passa rápido.
Tem gente que começou amigo e de repente se enamorou. Acontece. Tem gente que amou tanto, que de repente passou a odiar. É tanta fronteira de sentidos que fica difícil descobrir onde fica o começo e o fim. O amor também se transforma.
E não se deixe confundir, porque paixão não é a mesma coisa. Paixão é amostra grátis de amor, tipo cafezinho que a gente bebe na ânsia de experimentar cada gota. Quando amadurece, pode até ser que fique.  Mas em sua forma bruta é um fogo que extingue rápido, uma labareda apressada. Amor é paciente. É uma larva que vai roendo aos poucos.
Coisa linda é esse sentimento. Linda e perigosa. Pode ser venenoso. Pode machucar. É a esperança de uma gente solitária, que se agarra no outro, porque viver, vamos ser sinceros, é uma empreitada difícil demais para encarar sozinho. O amor é o tempero da vida. Pode ser unilateral, proibido, mas nunca errado. É preciso coragem para amar. No final, sempre vale a pena.

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Sapatos



Na calçada da escola, a menina chorosa descalçava as sapatilhas de balé. Os pezinhos miúdos contorciam-se 
de dor. A mãe amorosa tentava massagear os dedinhos espremidos contra a resistência do cetim aveludado. "É aqui que está machucado?", perguntava. Enquanto assistia à cena - verídica - ocorreu-me que a vida de toda mulher pode ser resumida em sapatos.

Mal sabe a pequena bailarina que o caminho é longo e seus pés ainda vão doer por muito tempo. Depois de praticar equilibrismo no scarpin da mãe, e de pegar carona nas longas passadas do pai, ela vai ter que aprender a dar seus primeiros passos em falso. Vai subir no salto e cair muitas vezes. Quando for um pouco mais velha, vai entender que é possível permanecer em pé - mesmo quando as pernas fraquejarem e parecer que o chão vai acabar.

Porque toda mulher sabe que, dentro de cada sapato, está escondida uma lembrança. Seja de noites
em que o calçado acabou enroscado debaixo da cama junto a um par de botas tamanho 43, ou quando dormiu com ele, bêbada demais para se lembrar de tirar. Nas havaianas descontraídas usadas no fim de semana, quando tudo que se quer é passar o dia inteiro com os tornozelos à mostra.Ou nas discretas e macias pantufas de tigre, consolo bom quando a noite é fria e os pés estão gelados.

Somos criaturas firmes que adoram sapatos, porque eles nos ensinam, desde cedo, essas valiosas lições
sobre resistir à dor. Em tamanhos variados e cores sortidas, mesmo aqueles que estão guardados há anos
no fundo do armário, os calçados lembram cada detalhe de nossa trajetória. Nunca nos cansamos deles.
Somos todas cinderelas em busca de sapatilhas de cristal perdidas. Mas gostamos mesmo é de acabar
com os pés descalços, livres e nus - de preferência pousados em uma panturrilha masculina. 

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Todo amor é uma forma de loucura



A minha casa está cheia de fantasmas. No topo das escadas, na beira da minha cama. Eles nunca me respondem, apenas acenam de um lugar melhor do que ao meu lado. Fico perambulando por aí, um sorriso de canto de lábio, mas olhos tristes. Apagou-se o brilho dos meus olhos. A minha cabeça também não vai lá essas coisas, está presa no passado. Por isso vim parar aqui. Ouço vozes, doutor. Elas poderiam dizer: “acenda o fogo e coloque o jantar na mesa, que estou voltando hoje”. Então ele chegaria, com os ombros cansados, e eu não mais o julgaria. Engoliria de novo as pedras que cuspi. Em vez de oferecer a minha rebeldia indomável, daria o meu abraço.

Quando me dou conta, estou falando com as paredes. São os dias gloriosos que assombram os cantos. Aqui, no presente, não existe mais ninguém. Meus pés cansados caminham toda a extensão do quintal – não há sequer um abismo onde cair. A mente embaralhada só quer um conforto. O amor enlouquece. Tortura. Já não sei direito como é o rosto dele, porque queimei todas as fotos. Doía olhar para elas, no topo da estante, ele naquele retrato de militar fardado, com as sobrancelhas grossas desenhando um semblante sério demais – de repente, me lembrei. Lembrar dói.

Os piores fantasmas são os que estão vivos. 

terça-feira, 28 de agosto de 2012

Sobre a coragem de uma menina, ou a covardia de todos nós


Você deve ter visto. Uma pequena estudante de Florianópolis, Isadora Faber, de 13 anos, enxergou no Facebook muito mais do que um espaço de exibicionismo. Ao criar uma página intitulada Diário de Classe, a garota resolveu mostrar os problemas de sua escola, tais como fios elétricos que davam choque, quadras sem pintura, professores “fantasmas”. Todos os jornais procuraram Isadora, que saltou, de seis mil “curtidas” para 67 mil. Um feito espantoso de lucidez para uma juventude super conectada.
Interessante seria se todos usassem a ferramenta virtual para algo mais do que simplesmente expor detalhes medíocres de vidas que não interessam a ninguém. Isadora conseguiu. Aos 13 anos, a menina foi mais cidadã que vocês, que mal sabem os candidatos a vereador de suas cidades. Com uma página rudimentar e colorida, conseguiu atrair mais fãs do que o seu perfil elaborado com frases feitas e fotos de mentira.
Preciso dar os parabéns para o casal Christian e Mel Faber, por criarem um ser humano tão diferente das outras crianças que só deglutem a tecnologia. 


quarta-feira, 9 de maio de 2012

Meu sonho é ser mãe



Meu sonho é ser mãe.

Partilhar isso com os outros é constrangedor. É tão arcaico, agora, dizer que a natureza materna me seduz. Mas eu não abro mão da ideia. Quero mesmo é passar pela sensação única, imensurável, de segurar nos braços uma criatura que eu gerei. “Mas você só tem 20 anos!”, ouço frequentemente, como se a ideia fosse ser colocada em prática mês que vem. Revolta-me, sobretudo, o repúdio que a maternidade desperta nesses dias de ascensão. Como se a mulher, por ser independente, não pudesse sonhar com contos de fadas e filhos.

Nada contra as colegas corajosas que enfrentam a Marcha das Vadias e lutam por mais igualdade para o nosso sexo, ainda muito inferiorizado. A campanha que está rolando pelas redes sociais, inclusive, é uma das melhores que já vi. O que me entristece é a confusão que se faz entre ser feminista e ser feminina. Tenho vergonha de revelar o sonho que acalento em segredo, assim para todos ouvirem. Temo ser rechaçada por ainda ter a velha concepção de que um bebê completaria a minha existência.

Quero o direito de ser tratada de igual para igual, ter os mesmos salários, usar a roupa que eu quero sem ser julgada (ou estuprada) por isso. Essa vontade, no entanto, não anula meu desejo de constituir família. Para mim, mulher de verdade é essa, que sai para trabalhar, volta cansada e ainda cuida dos filhos. Esse é o modelo que tenho em casa, da mulher mais importante do mundo, aquela que me ensinou a ser digna. Quero amar e ser amada. Não sou menos feminista por isso.

terça-feira, 1 de maio de 2012

Relatividade


Dias somem feito horas. Notícias de ontem parecem tão próximas. Distorceram o relógio dentro de mim. É a idade, dizem. A gente começa a remoer as coisas antigas, conversa com fantasmas e se orgulha em dizer: eu estava lá. Mas é a conectividade, essa que nos faz tão ligados nos fatos, é mais fácil recordar. Sei de tudo que aconteceu como se fosse hoje. Papo de gente velha. Ou de gente que se fez envelhecer pela memória.
Ainda ontem Ayrton deixou o Brasil inteiro de luto, Osama derrubou a América – e hoje Obama comemora um ano em que derrubou Osama. Onde é que eu estava, nesse meio tempo, que não me dei pelo intervalo? Passam feriados tão iguais aos do ano passado, outros aniversários de gente que já se foi, a vida em círculos deixa qualquer um nauseado. Mas aí tem uma velha nova, outra criança inédita que nasce – dessa vez são os filhos dos seus amigos que já não são tão novos assim.
Todo novo ano é uma réplica do anterior. Que coisa chata. Que bom que tem gente para preencher os espaços vazios, os dias sem rotina e ritual programado. Do amor ainda não me cansei: é o mesmo de anos atrás. De resto, é tudo igual, programado. Não sei se o tempo é que tem passado tão rápido, ou se sou eu que ainda me lembro bem. 

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Crônica sobre o cansaço crônico de uma jornalista

Tinha essa mania desconfortável de ler demais. Como um cão farejador, não podia ver ninguém com um livro que já espichava o pescoço para conferir as informações primárias. Torcia o nariz quando a sinopse não agradava. E continha o riso quando sabia o que a lombada escondida: uma baita história, isso sim, ou talvez uma grande decepção. Um livro era um amigo. Mas também cansava deles, queria pedir um tempo, clamava por abstinência.

Ler era uma maldição, no caso dela. Os olhinhos pequenos, rápidos feito coelhos famintos, captavam os letreiros tão logo surgiam – as formas curvilíneas dos ABC espreguiçando-se no outdoor a serviço do mercado, as mensagens grafadas erradas como um crime à sua tolerância, e as indecências em comic sans para deixarem expressos os avisos de Não fume Por Favor Obrigado. Como havia poluição letrada nesse mundo! Não havia serenidade que aguentasse tanto burburinho. Porque as palavras falam. E mesmo que usem as nossas próprias vozes, elas podem ser bem irritantes.

Ler também era uma benção. Quando se perdia no próprio pensamento, afogava-se nos de outros e ficava tudo certo. Mas tinha dias que a cabeça não se aguentava, os olhos ardiam lacrimosos, precisava descansar. Não escapava das malditas letrinhas nem no banheiro, onde se curvava para conferir os rótulos de shampoo – sem sal, alisa sem danificar a estrutura dos fios, técnica revolucionária– tantas mentiras em palavras difíceis. Tinha dias que tudo que ela queria era acordar sem entender um pingo daquelas aranhas que teciam suas teias ao sabor das ideias.

Aí descobriu que podia escrever.

sexta-feira, 16 de março de 2012

Manual de instruções da mulher


Manual de instruções

Modelo:

Ano:

Fabricantes:

ATENÇÃO: SIGA CORRETAMENTE AS REGRAS. MANUSEIE COM CUIDADO. ESTE PRODUTO NÃO ACEITA DEVOLUÇÕES OU TROCAS.

O que fazer se a máquina de repente parar de funcionar e não quiser falar com você: é possível que alguma raiva tenha danificado a fiação. NÃO ESPERE O ÓDIO PASSAR. Prontifique-se imediatamente a resolver o problema e amansar a fera. Presentes e mimos ajudam.

Ciúmes é um material altamente corrosivo em contato com este material: favor mantê-lo à distância, com doses de bom senso. Este aparelho é único no mercado e não aceita concorrência.

Códigos para deixar a máquina sempre brilhante, feliz, carinhosa: Te amo, Princesa, Meu amor, Linda, Minha vida. De preferência ditos pessoalmente, por mensagem ou no facebook.


Código ALTAMENTE proibido: Gorda.


Este equipamento sofre pequenos vazamentos mensais, que acarretam uma ligeira mudança de comportamento. São perfeitamente comuns:

a) Choro sem explicação.

b) Auto-estima baixa.

c) Agressividade

d) Mau humor

Como proceder no caso das hipóteses acima:

a) Abrace.

b) Elogie.

c) Beije.

d) Ignore.

Perguntas comuns geradas pelo banco de dados e suas respostas programadas:

a) “Ela é mais bonita que eu?” Resposta: “Nunca”
b) “Fiquei gorda?” Resposta (imediata): “Não”
c) “Estou bonita?” Resposta: “Como sempre”

Ações que podem danificar a máquina e tirá-la de você para sempre:

a) Comparação com outras mulheres. Principalmente namoradas de amigos.

b) Traições.

c) Insensibilidade em demasia.

d) Agressões físicas e verbais.


Presentes que todo equipamento semelhante sonha em aceitar, mas não tem coragem de admitir:

a) Buquê de rosas

b) Aliança de ouro

c) Urso de pelúcia gigante

Como gerenciar crises no aparelho:

a) Mantenha a calma.

b) Não grite. JAMAIS.

c) Não tente se fazer de vítima.

d) Diga que está tudo bem.

e) Aceite o pedido de desculpas que, dependendo do estado técnico, pode demorar um período de até 72 horas.

ANEXO:
Pequeno dicionário de expressões chaves

“Nada”

Do grego enigmático: você fez algo que me deixou muito frustrada.

“Vem logo”

Do latim: detesto esperar.

“A gente podia passar mais tempo juntos”

Origem desconhecida. Significado: queria que você estivesse comigo o tempo que estivesse disponível, e não só a partir de determinada hora.

“Quero que você queira”

Do grego enigmático: quero que você tome atitude.

“Você vai sair COM ISSO?”

Do óbvio: passei horas me arrumando, depilando as virilhas e as pernas, comprando um vestido, para você aparecer com bermuda e camiseta?

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

O mal dos orgulhosos

Tenho um coração de pedra. É verdade. Outro dia engoli um desaforo e ele congelou dentro de mim. Já não sei o que faço para tirar. Não tenho idealismos, pouco me importa o drama sutil dos outros. Às vezes dizem que sou insensível. Não é. Estou só ocupada demais combatendo as trevas dentro de mim mesma.

Não gosto de ouvir dizer que sou ruim. Tenho medo de quem sempre finge ser bom. Não é por mal que machuco os outros, na maioria das vezes eles me ferem muito mais. Tenho garras afiadas, mas alguma coisa dentro de mim é doce e ainda restam esperanças. Mas o que é que eu faço, quando meus acertos parecem incapazes de solapar os meus erros?

Não é por ser de pedra, que meu coração não possa ser partido.