Aviso
Ele dizia,
Não se apaixone por mim.
Tarde demais.
Culpado
Se eu sou assim
é culpa sua que me fez
tão distante de mim
Desafetos
Um dia eu vou olhar na sua cara
te chamar de otário
e de amor da minha vida
Sintomas
Sinto saudades
vontades
Sinto muito
Fortaleza
Fragilidades nunca foram meu forte
Esperança
Matei uma quando era criança
Nunca mais recuperei
sexta-feira, 31 de maio de 2013
índoles
Ele é um homenzinho de gelo. E no seu coração não há mais espaço
para mim. Ele nunca chora, porque chorar é um desperdício de energia, ele não consegue, e não
é por falta de sentir. É ruim, é uma peste, dizem. Que tristeza não poder
concordar.
Porque eu conheci bem esse menino indecifrável. Eu vomitei
sobre ele todas as palavras arrogantes do meu imenso repertório. A escritora de fogo derretia no gelo e achou que seria fácil
esquecer. Peguei esse sentimento e estrangulei na surdina de uma noite passada
em claro. Mas amor que a gente não mata direito é um bicho arredio que periga
voltar.
Que tristeza não poder engrossar o coro que diz que ele é
ruim. Que tristeza não poder dizer que posso achar coisa melhor. É que ele é bom. É humano e caridoso. O que
falta em lágrimas, compensa em ações. Do que não diz, faz. Ele cresceu para
encontrar seu lugar no mundo e seu lugar no mundo é salvar vidas. E me rói o
orgulho que ele seja tão bom. E me rói o orgulho não dizer isso, por despeito, por desamor. Eu sempre fui ruinzinha, é da
minha natureza, parecer má. Mas de maldade eu não tenho nenhuma. Só tenho vazio
e saudade.
Melhor que ele não posso dizer que vou achar. O que eu
mereço é um que, tão bom quanto ele, me ame de verdade, mas ame tanto quanto um
dia eu amei esse homenzinho de gelo.
quinta-feira, 28 de março de 2013
As cicatrizes dos primeiros amores
Outro dia
visitei o perfil no Facebook do Lucas Souza. Lucas é um estudante de agronomia da
Universidade Federal de Santa Maria, namorado (me recuso a usar o termo “ex”
nesse caso) de Paula Gatto, uma das vítimas do incêndio da boate Kiss, em Santa
Maria. Após ler duas postagens recentes do rapaz, não consegui conter as
lágrimas. Ele mantém, como forma de alívio ou quem sabe paz, uma conversa com a
namorada e cada linha é um pouco mais desoladora que outra. É um retrato de um
jovem casal de namorados que descobria as delícias do amor e foram obrigados a
se despedir antes mesmo de aprender a dizer adeus.
Sou contrária ao
pensamento de que os jovens não sabem amar, de que os jovens não devem se
casar. O amor juvenil é um pouco mais gostoso e inocente e há quem diga
que nenhum substitui o primeiro. Os completamente adultos já estão desgastados
pela vida e vão perdendo um pouco a fé a cada relacionamento desfeito. O amor
adulto é maduro, sim, mas também contido, abalado por golpes de outra época – e
infinitamente menos encantador. Não há nada de entrega, nada de descoberta. É
só um velho roteiro com novos atores, sempre à espreita de um ponto final, por
não ignorar que ele sempre chega.
Talvez, se a
tragédia não interrompesse os planos, Lucas e Paula namorassem apenas mais uns
anos, até seguirem caminhos separados, como manda o script. Talvez tivessem se casado e tido filhos. Tiveram tudo, menos a chance. E isso é o que mais dói. “Ninguém casa com o
primeiro namorado”, “é melhor conhecer
outras pessoas antes de se envolver sério com alguém”, ditam as máximas de uma
sociedade que valoriza o prazer e a diversidade. E pouco a poucos vamos
acreditando um pouco menos nesse amor que bate e fica.
Mas a verdade é
que, por mais que seja estreante, nenhum amor é precoce. E não é fraqueza acreditar
nele logo de imediato. Não acho raro e impossível que a pessoa da sua vida
esteja próxima e apareça logo, por mais que para outros demore um pouco mais. Espero que Lucas
não se sinta culpado quando se apaixonar novamente. Deixar de amar não quer
dizer esquecer.
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