Concursos de beleza são excludentes por natureza, conforme louvam rostinhos de porcelana e suas medidas perfeitas. O absurdo, já notável em versões infantis, é estimular a competição e o culto à imagem entre aqueles que mal saíram das fraldas. Se a sociedade aceita, os próprios pais exibem suas proles e o comércio patrocina, fazer o quê. Triste é quando a podridão emerge do show business, escancarada e crua, para quem quiser contribuir. Afinal, debaixo dos holofotes toda imperfeição é digna de agressão. E é o que se confirma, lamentavelmente, no concurso que irá “escolher o garoto mais fofo, bonito e talentoso do Brasil”.
Promovido pela revista Capricho, o campeonato de beldades juvenis “Colírios” coloca à disposição do público um mosaico de meninos belos e perfeitinhos, disputando entre si uma vaga na MTV (http://colirios.capricho.abril.com.br/o-que-e.php).
São batalhas no pior sentido do termo, uma vez que, novamente, imperam os traços imaculados da beleza convencional. O concurso é democrático, de forma que qualquer um pode construir um perfil com suas respectivas fotos. Mas o que se vê, no site, é uma esmagadora preferência por estereótipos.
Os candidatos, em sua maioria meninos de 14 à 17 anos, exibem seus atributos em poses convencionais, como a clássica foto do espelho. E aqueles que não agradam estão sujeitos a todos os tipos de ataque. Os comentários nos perfis menos badalados são extremamente ofensivos. Seria coerente que a Capricho, em sua condição midiática, não tolerasse os comentários de natureza preconceituosa. Mas, uma vez sujeitos à tamanha exposição, os insultos são irrefreáveis.
No comentário, o rapaz é taxado de feio e gay.