Outro dia
visitei o perfil no Facebook do Lucas Souza. Lucas é um estudante de agronomia da
Universidade Federal de Santa Maria, namorado (me recuso a usar o termo “ex”
nesse caso) de Paula Gatto, uma das vítimas do incêndio da boate Kiss, em Santa
Maria. Após ler duas postagens recentes do rapaz, não consegui conter as
lágrimas. Ele mantém, como forma de alívio ou quem sabe paz, uma conversa com a
namorada e cada linha é um pouco mais desoladora que outra. É um retrato de um
jovem casal de namorados que descobria as delícias do amor e foram obrigados a
se despedir antes mesmo de aprender a dizer adeus.
Sou contrária ao
pensamento de que os jovens não sabem amar, de que os jovens não devem se
casar. O amor juvenil é um pouco mais gostoso e inocente e há quem diga
que nenhum substitui o primeiro. Os completamente adultos já estão desgastados
pela vida e vão perdendo um pouco a fé a cada relacionamento desfeito. O amor
adulto é maduro, sim, mas também contido, abalado por golpes de outra época – e
infinitamente menos encantador. Não há nada de entrega, nada de descoberta. É
só um velho roteiro com novos atores, sempre à espreita de um ponto final, por
não ignorar que ele sempre chega.
Talvez, se a
tragédia não interrompesse os planos, Lucas e Paula namorassem apenas mais uns
anos, até seguirem caminhos separados, como manda o script. Talvez tivessem se casado e tido filhos. Tiveram tudo, menos a chance. E isso é o que mais dói. “Ninguém casa com o
primeiro namorado”, “é melhor conhecer
outras pessoas antes de se envolver sério com alguém”, ditam as máximas de uma
sociedade que valoriza o prazer e a diversidade. E pouco a poucos vamos
acreditando um pouco menos nesse amor que bate e fica.
Mas a verdade é
que, por mais que seja estreante, nenhum amor é precoce. E não é fraqueza acreditar
nele logo de imediato. Não acho raro e impossível que a pessoa da sua vida
esteja próxima e apareça logo, por mais que para outros demore um pouco mais. Espero que Lucas
não se sinta culpado quando se apaixonar novamente. Deixar de amar não quer
dizer esquecer.