quarta-feira, 29 de setembro de 2010

A teoria do imprevisível


Desde sempre, esperando. Planejando os dias metodicamente, num calendário hipotético de glórias, antevendo a mão do destino a cada amanhecer. Até vir o desenrolar de uma vida que não acontece nunca, presa num instante de ansiedade, dependente de uma possibilidade mambembe. Uma grande expectativa que, quase sempre, se afoga em frustração. Poderá encontrar o amor em uma esquina de desilusão, ou ainda, viver feliz sozinho. Talvez case, talvez tenha sucesso. Não é como se quer, ou quando vai ser. Apenas será.


São histórias escritas por um roteirista individualista, que não aceita colaboração, sequer tem pressa. Trabalha com escolhas, e que irônico, as melhores são feitas completamente ao acaso. Escolhe dias chuvosos para trazer a sorte de quem só acredita em azar. Devolve a esperança dos que já perderam, rouba as conquistas de quem comemora cedo. Não existe lógica para a vida. Sabemos onde tudo vai acabar, mas é impossível adivinhar o percurso.


Se não fosse assim, viver seria uma maçante novela de caminhos traçados por conta própria. E os infortúnios não trariam lições. Reclamo impaciente que nada é como eu quero, minha imaginação voa melhor que a realidade. Estou tentando colorir o futuro com as nuances que acho que preciso, mas recebo cores misturadas, não entendo como meu céu cinzento vai se tingir de escarlate assim de repente. E quando o sol vai embora, eu vejo. Às vezes é preciso esperar o próximo ato sem tentar escutar o burburinho dos bastidores. Se existe um destino, ele certamente não estará nas mãos de um ordinário profeta humano.