terça-feira, 1 de maio de 2012

Relatividade


Dias somem feito horas. Notícias de ontem parecem tão próximas. Distorceram o relógio dentro de mim. É a idade, dizem. A gente começa a remoer as coisas antigas, conversa com fantasmas e se orgulha em dizer: eu estava lá. Mas é a conectividade, essa que nos faz tão ligados nos fatos, é mais fácil recordar. Sei de tudo que aconteceu como se fosse hoje. Papo de gente velha. Ou de gente que se fez envelhecer pela memória.
Ainda ontem Ayrton deixou o Brasil inteiro de luto, Osama derrubou a América – e hoje Obama comemora um ano em que derrubou Osama. Onde é que eu estava, nesse meio tempo, que não me dei pelo intervalo? Passam feriados tão iguais aos do ano passado, outros aniversários de gente que já se foi, a vida em círculos deixa qualquer um nauseado. Mas aí tem uma velha nova, outra criança inédita que nasce – dessa vez são os filhos dos seus amigos que já não são tão novos assim.
Todo novo ano é uma réplica do anterior. Que coisa chata. Que bom que tem gente para preencher os espaços vazios, os dias sem rotina e ritual programado. Do amor ainda não me cansei: é o mesmo de anos atrás. De resto, é tudo igual, programado. Não sei se o tempo é que tem passado tão rápido, ou se sou eu que ainda me lembro bem. 

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