Dias somem feito horas. Notícias de ontem parecem tão
próximas. Distorceram o relógio dentro de mim. É a idade, dizem. A gente começa
a remoer as coisas antigas, conversa com fantasmas e se
orgulha em dizer: eu estava lá. Mas é a conectividade, essa que nos faz tão ligados
nos fatos, é mais fácil recordar. Sei de tudo que aconteceu como se fosse hoje.
Papo de gente velha. Ou de gente que se fez envelhecer pela memória.
Ainda ontem Ayrton deixou o Brasil inteiro de luto, Osama
derrubou a América – e hoje Obama comemora um ano em que derrubou Osama. Onde é
que eu estava, nesse meio tempo, que não me dei pelo intervalo? Passam feriados
tão iguais aos do ano passado, outros aniversários de gente que já se foi, a
vida em círculos deixa qualquer um nauseado. Mas aí tem uma velha nova, outra
criança inédita que nasce – dessa vez são os filhos dos seus amigos que já não
são tão novos assim.
Todo novo ano é uma réplica do anterior. Que coisa chata.
Que bom que tem gente para preencher os espaços vazios, os dias sem rotina e
ritual programado. Do amor ainda não me cansei: é o mesmo de anos atrás. De
resto, é tudo igual, programado. Não sei se o tempo é que tem passado tão
rápido, ou se sou eu que ainda me lembro bem.
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