segunda-feira, 19 de abril de 2010

Para onde fogem os monstros



Não se deixe iludir pela temática. Onde vivem os monstros? (Where the wild things are) não é um filme para crianças. Baseado em um livro infantil, tem um gostinho de filme independente, apesar de ser uma grande produção. Conta a história do camarada Max, um garoto cheio de criatividade e solidão que, a despeito do carinho que recebe da mãe, emana certa agressividade. Em um ataque inesperado por atenção, foge de casa pelos mares tempestuosos de uma viagem imaginária, rumo a uma ilha cheia de criaturas gigantes que também não conseguem entender a si mesmas. Não é apenas uma metáfora sobre a infância. É um retrato melancólico e cru sobre a convivência em sociedade.


É complicado viver. Os monstros do filme são assustadoramente reais. Cada um deles, à sua maneira, mostra como é difícil aceitar e depender do outro. Lembra que às vezes amamos tanto as pessoas, que nos esquecemos de compreendê-las. Somos tão selvagens quanto na medida em que, sem saber controlar nosso egoísmo, ferimos quem sempre está por perto. O último grande trunfo do filme é comprovar que a felicidade não é um objetivo a ser alcançado, um estágio pleno de gozo e diversão. Ela pode, simplesmente, ser o lado bom das horas ruins. Ou um lugar-comum extremamente familiar. Tão imperceptível e simples quanto o sol, que nasce todos os dias, mas, uma vez morto, levaria consigo a vida inteira.


Relacionar-se é um exercício de tolerância, paciência e respeito. E também é uma garantia de frustração. Por mais dóceis e queridos que sejam, os outros sempre serão os outros. Não vão sempre ser agradáveis, úteis, ou concordar com seus argumentos. E não vão ficar para sempre. Sem conhecer a própria força, alguém pode brincar de machucar, e machucar de brincadeira. Nós somos os monstros. Não precisamos de fortes, fantasias utópicas ou torres de isolamento. Só precisamos uns dos outros.



Aviso:
Dependendo do seu estado de ânimo, esse filme pode ser altamente depressivo.

6 comentários:

  1. Parabéns !!!

    Estou adorando ler seus textos ...

    Sucesso ...Bjinhoss ...

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  2. Fabi, sou sua fã ne? Prontofalei!! (: Ja estou seguindo e acompanhando

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  3. Adorei!Só lendo a sua sinopse do filme
    e assistindo ao trailer.

    Realmente, pelo trailer já deu pra sacar que tem cara de filme independente.


    Beijos,

    Mayara.

    http://papersblood.blogspot.com/

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  4. sensacional !!

    bela sinopse e grande dica !!

    vou procurar !

    bjs

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  5. "Relacionar-se é um exercício de tolerância, paciência e respeito."

    Põe paciência nisso :P

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  6. Este comentário foi removido pelo autor.

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