sexta-feira, 23 de julho de 2010

O novo (de novo)



Estou convencida de que, de tantas idéias rasas, o mundo acabou afogando em superficialidade. Já não consegue sair do lugar-comum. E o resultado é um entretenimento barato, sustentado por escândalos e fórmulas antigas, reflexos da própria sociedade preguiçosa. Na era dos relacionamentos descartáveis e das redes virtuais, falta originalidade.



Como admiradora do cinema, o único que ainda contava com a minha audiência, percebo a decadência das atrações. Um festival de pirotecnia sem qualquer linha de coerência, reciclagem inédita de velhos clichês. O império da técnica desbancou a criatividade, a filha bastarda cujo investimento de repente é arriscado demais para a grande indústria cultural.




Se antigamente Hollywood era o glamour de suas estrelas e seus grandes diretores, hoje é apenas o plano de fundo apagado de outra dimensão. Já não se paga pela emoção, mas para experimentar uma dose digital de realismo. Se quer fugir, não vai muito além do que já se conhece. E eu digo a esses roteiristas de merda: não quero histórias requentadas, continuações mirabolantes, muito menos refilmagens. Dê-me atuações bem feitas, tramas intricadas e diálogos consistentes. Estou cansada de rir das mesmas piadas, de rever os personagens que já deviam estar imortalizados, mas cujo carisma descongelado garante o público, desacostumado a digerir o novo.




Estamos todos assistindo a um desfile de mortos. Se no cinema ressuscita-se aos montes, na televisão eles sequer descansam em paz. O instinto humano de consumir tragédias faz do noticiário um espetáculo, no qual se disseca os detalhes de uma barbaridade qualquer para prender a atenção do respeitável público. O consumo de desgraça alheia acalenta os pobres de espírito. Não deixe o conforto da sua casa, caro leitor, para apedrejar o vilão da vez. Se a mídia oferecesse o mesmo espaço para divulgar outros horrores, todos descobririam que seus dedos são poucos para apontar os culpados. É para isso que existem tribunais. Dê a César o que é de César, e todos pagarão o preço.


Desculpem-me. Não vou assistir a tudo isso de olhos fechados.

11 comentários:

  1. Ola, eu simplesmente adorei seu blog!! Você escreve muito bem, e depois de ler me senti ainda mais lisonjeada com os seus elogios. Já sou uam seguidora, e com certeza voltarei sempre por aqui... E ah, respondendo a pergunta, não era uma história fictícia.. infelizmente ou felizmente o texto é sobre tudo que está acontecendo em casa neste momento..

    Parabens pelo blog, sucesso!!

    http://orasbolotas.blogspot.com/

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  2. A padronização na contemporaneidade e a massificação do indivíduo tendem uniformizar as coisas e sobretudo as pessoas.

    Postagem para pensar e repensar ...
    Abração amigo.

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  3. Como disse-me uma vez um amigo: o mundo hoje está chato.

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  4. Muito legal seu blog!
    Parabéns!

    Beijos

    http://omeusonhodeserfeliz.blogspot.com/

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  5. Parabens!!!Excelente texto!! Realmente o cinema hoje em dia só quer saber de refilmagem, de cópia disso e daquilo...
    O cinema está perdendo seu glamour, pelo menos, na minha opinião.
    Gostei muito do seu blog, vou te seguir, ok?
    se quiser, acesse o meu http://artegrotesca.blogspot.com
    ainda é novo, não tem muita coisa, criei hoje!
    ate mais!

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  6. Desgraça alheia só alimenta aos pobres de espírito, MESMO!
    A vida anda sendo meio reality show, é verdade. Todos cuidamos mais da vida alheia, e esquecemos nosso umbigo, nossas idéias. É triste, não?
    E ah, tomara que nossas "maldições" sejam desfeitas, né flor? HAHAHA
    Um beijo!

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  7. E Cazuza já dizia "eu vejo um museu de grandes novidades"

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  8. Hollywood deixou de ser o grande foco cinematográfico faz tempo. Hoje a única coisa que interessa é lançar franquias e blockbusters com uma conversão porca em 3D só pra poder arrancar dinheiro do grande público. Cinema com interpretação bom são justamente aqueles que ninguém dá nada. está aí o ótimo filme japonês "Depois da Vida" que não me deixa mentir.

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  9. Este comentário foi removido pelo autor.

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  10. cinema eh cultura, e diversão tambem! sem cinema mts momentos bons seriam esquecidos e tambem nao seriam vividos!

    http://rafoguense10.bloggeiros.com/index.htm

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  11. Sei que vou parecer piegas ou que das palavras sou descuidado, talvez, delas pouco amigo. Porque meu elogio será carregado de mesma aparência dos que muitos falam e pouco critério trazem consigo. Não há remédio de fato, porque sendo a beleza percebida em um ato deve-se ser imediato e sucinto... Perfeito seu texto!

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